Dançando no deserto

‘’ E depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto’’. Êxodo 5.1

Quando falamos de deserto, logo nos vem à mente uma imagem: paisagem seca, sem vida, um lugar solitário. Por causa dessa imagem, usamos figuradamente este lugar quando queremos ilustrar a dificuldade; pois o deserto é um lugar de dificuldades. Deserto é lugar de escassez (tanto de água como de comida), é lugar de ser provado, o deserto sempre te levará ao limite das suas forças.

Mas, o interessante é que no texto em que lemos, vemos D’us dando uma ordem a faraó dizendo que deixasse o povo ir ao deserto, fazer o quê? Festejar! A palavra usada aqui no original é “חָגַג “(ḥāḡaḡ), que pode ser traduzido também por dança, ou seja, a vontade de D’us era levar o seu povo para o deserto para que eles dançassem, cultuassem, festejassem e isso parece um grande paradoxo, porque o deserto é um deserto.

Parece um grande paradoxo quando lemos esse versículo isoladamente, mas quando lemos toda a história entendemos que D’us levou o seu povo para um lugar de escassez para mostrar que ele era a provisão. D’us levou o seu povo para um lugar solitário para mostrar que ele seria a sua companhia.

Reclamamos do deserto, mas é no deserto que D’us se revela a nós como o único e verdadeiro D’us. É por isso que o desejo de D’us é que dancemos, festejemos no deserto, pois é nesse deserto que D’us se revela aos seus filhos.

A minha esposa faz parte do ministério de dança da nossa igreja, e eu já a vi ministrando inúmeras vezes, mas nunca me esquecerei do velório da mãe dela, quando ela cheia de dor se levantou, e começou a dançar no meio do funeral. Era o maior deserto que ela já tinha enfrentado na vida, tinha perdido a mãe para sempre, mas naquele deserto ela dançou, porque ela tinha a convicção que D’us nos conduz ao deserto, mas também nos sustenta nesse deserto.

Não importa o deserto que você esteja passando, D’us será o seu refúgio, ele não te deixará só, creia nisso.

“Os aflitos e necessitados buscam águas, e não há, e a sua língua se seca de sede; eu o Senhor os ouvirei, eu, o Deus de Israel não os desampararei.

Abrirei rios em lugares altos, e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em lagos de águas, e a terra seca em mananciais de água”. Isaías 41.17-18